Resumo:
No
passado, a comercialização de produtos que estão voltados à produção
agropecuária, sendo ela produção vegetal ou animal era realizada na rua, sem
nenhuma estrutura e organização, o que ocasionava perdas e desvantagens para o
produtor rural. Desse modo, a CEAGESP surgiu da necessidade de se criar uma rede
de abastecimento que promovesse e organizasse a comercialização de uma forma
mais eficiente. A criação dessa rede de abastecimento promoveu vários
benefícios para o produtor e para todos que fazem parte das atividades voltadas
ao agronegócio, contemplando, dessa forma, tanto o agronegócio quanto a rede de
abastecimento, evidenciando uma forma de comercialização que movimenta milhões
de toneladas de produtos hortifrutigranjeiros e que
gera um faturamento de extrema importância para a economia do nosso país.
Palavras-chaves: Agronegócio, Rede de abastecimento e Ceagesp.
1
INTRODUÇÃO
Com
o crescimento acelerado dos centros urbanos no Brasil, o processo de
distribuição dos produtos agrícolas acabou se tornando muito complexo,
ineficiente e caro. A forma de
comercialização - vendas diretas ou indiretas desses produtos - gerava algumas
dificuldades na composição do preço, concorrência entre produtores e
principalmente na distribuição dos produtos aos varejistas (supermercados, mercearias,
restaurantes, dentre outros). Diante desse problema, o Governo Federal
brasileiro decidiu intervir no mercado, com a criação das Centrais de
Abastecimento (Ceasas).
A
Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais do Estado de São Paulo, conhecida
como CEAGESP ou por Ceasa foi criada em maio de 1969, pela fusão de duas
empresas mantidas pelo Governo do Estado de São Paulo: o Centro Estadual de
Abastecimento (CEASA) e a Companhia de Armazéns Gerais do Estado de São Paulo
(CEAGESP). Sua função é de facilitar a comercialização, distribuição e
armazenamento de produtos hortifrutigranjeiros, garantindo de forma sustentável
a infra estrutura adequada e necessária para que os comerciantes executem suas
atividades com garantia de segurança. A companhia abre espaço para a locação,
onde comerciantes privados, chamados de permissionários comercializarem seus
produtos dos produtores aos varejistas (super e hipermercados, mercearias,
quitandas, restaurantes e sacolões). Desse
modo, a CEAGESP tem especialidade no recebimento, armazenamento e comercialização
de alimentos voltados à agricultura.
Considerando esse contexto, este artigo tem a finalidade de discorrer
sobre a importância e funções da CEAGESP, baseando-se em exemplos específicos das
unidades de São Paulo e Araçatuba, além de evidenciar a importância do
agronegócio nas unidades.
2
DESENVOLVIMENTO
A CEAGESP administra o Entreposto
Terminal de São Paulo (ETSP), que está localizado na cidade de São Paulo e é
considerado um dos maiores mercados mundiais (sendo o maior da América Latina
em volume de comercialização). O entreposto tem uma circulação diária de 50 (cinquenta)
mil pessoas e movimenta cerca de 250 mil toneladas de frutas, legumes,
verduras, pescados, flores e plantas por mês, correspondentes a,
aproximadamente, 3 milhões de toneladas ao ano. Sendo assim, pode-se dizer que
ele é responsável por 60% do abastecimento da Grande São Paulo.
A Ceagesp conta com 12 unidades
comerciais que estão distribuídas pelo interior paulista, localizadas em:
Araçatuba, São José do Rio Preto, Presidente Prudente, Marília, Bauru,
Araraquara, Ribeirão Preto, Franca, Piracicaba, Sorocaba, São José dos Campos e
Guaratinguetá. Tendo como objetivo se aproximar dos centros consumidores e
produtores, desta forma estimulando as economias locais. Cada uma dessas
centrais está localizada em pontos estratégicos, próximos a rodovias para fácil
circulação, tornando o processo de recebimento e distribuição das mercadorias
mais eficiente. As mercadorias vêm de cidades ou estados próximos, pois têm que
ser transportadas com frescor e qualidade, sendo necessário que o transporte
seja rápido, devido ao produto ser altamente perecível. Além disso, são
necessários outros cuidados, como manuseamento correto e com qualidade na hora
do transporte para não ocorrer danos à mercadoria.
A comercialização dentro da
CEAGESP é bem variada, composta de produtos como: frutas, legumes, hortaliças, diversos
(batata, cebola), flores, plantas e pescado. Alguns produtos são
comercializados somente em Ceasas com maior estrutura, com a finalidade de
conseguir atender a um público maior, contando assim com maior variedade. Os
produtos que geralmente não são comercializados nas centrais do interior são os
pescados e grãos, sendo que os demais produtos normalmente são encontrados. Por
exemplo, a Ceasa de Araçatuba oferece espaço para varejistas, atacadistas e
produtores, os quais são abastecidos com frutas, legumes, verduras, diversos,
flores e plantas. Já na CEAGESP da capital, oferece-se espaço para varejistas,
atacadistas, produtores, cooperativas, importadores, exportadores e
agroindústrias, onde a comercialização é maior e variada, além dos produtos já
citados, também contém pescados, grãos e produtos importados.
A unidade de Araçatuba foi
inaugurada em 23 de janeiro de 1982, tendo como objetivo o abastecimento e
criar aproximação do produtor com o consumidor. A unidade contém 33 (trinta e
três) empresas cadastradas, as quais realizam a comercialização dos produtos
agropecuários, oferecendo espaço para varejistas, atacadistas e produtores
rurais que queiram vender suas mercadorias, sendo que essas mercadorias geram
uma movimentação de 2250 toneladas/mês, correspondentes a 27000 toneladas/ano. Existe
uma circulação de aproximadamente 500 pessoas nos dias de venda, o que gera uma
movimentação de 150 veículos.
COMERCIANTES,
PRODUTORES E COMPRADORES
O funcionamento das Ceasas é
divido em três principais agentes que são fundamentais: Os comerciantes,
produtores e compradores. Os comerciantes são classificados em empresas
privadas que alugam alguma área na Ceasa, podendo ser boxes ou pedras. Os boxes
são estruturas prontas, podendo realizar armazenagem, escritório e a
comercialização. Já a pedra é uma área menor, comprada no próprio local (chão
da plataforma), sem nenhuma estrutura, sendo que empresa pode usar aquele
espaço para venda e construção de um pequeno escritório de divisas eucatex e
pvc. A construção em concreto esta destinada aos boxes que já são estruturados
pela CEAGESP.
Os produtores também podem
realizar sua comercialização dentro da CEAGESP, sendo assim, podem entrar em
contato com a mesma e solicitar um espaço (boxe ou pedra), ou solicitar a sua
entrada para realizar suas vendas aos demais comerciantes. E, por fim, temos os
consumidores. A CEAGESP abre suas portas para qualquer pessoa ou empresa para
realizar suas compras, inclusive o consumidor final. A comercialização é mais
votada para o atacado, sendo estabelecida uma quantidade mínima de compra, de
modo que muitos produtos têm que ser comprados em caixas ou sacos fechados. (AGRIC. O
que é Ceagesp.
Acessado em 22/06/2015.
www.agric.com.br)
O agronegócio pode ser
classificado como o maior negócio mundial em participação, bem como do Brasil.
Dessa forma, pode ser considerado o segmento mais importante do nosso país, tendo
uma grande contribuição para balança comercial e sendo responsável por 25% a
30% do PIB nacional (segundo a
Confederação Nacional da Agricultura - CNA).
A CEAGESP tem total envolvimento
com o agronegócio, já que suas atividades giram em todo dele. Podemos entender
agronegócio como negócios voltados ou que saem da produção agropecuária
(produção vegetal ou animal). De
acordo com John Davis (1955), o agronegócio pode ser considerado como a soma de
todas as operações que envolvem a produção, armazenagem e distribuição de
suprimentos agrícolas. Desta forma, é possível perceber que há um
envolvimento muito grande de pessoas, o que acaba gerando muitos empregos, já
que existem várias atividades profissionais que passam de um elo para o outro.
Sendo assim, podemos perceber que o envolvimento do produtor rural com a
CEAGESP é de extrema importância, bem como podemos entender as atividades
realizadas do inicio ao fim, em dois conceitos importantes no agronegócio: As
cinco atividades e as cadeias produtivas (porteiras).
De forma geral, pode-se definir
cinco principais atividades que compõem o agronegócio, sendo elas:
1.
Insumo à produção: Refere-se a todos os materiais
básicos para iniciar a produção;
2.
Agricultura e Pecuária: Trata-se do processo de cultivo,
criação de animais e outras atividades correlatas;
3.
Agroindústria: Trata-se do processo que realiza
a transformação do produto agropecuário em um produto industrializado,
agregando valor a esse e diversificando, dessa forma a oferta de produção para
um melhor posicionamento.
4.
Distribuição: Engloba toda a parte de logística,
transporte, armazenagem e distribuição dos produtos.
5.
Consumidor final: Constitui-se naquele(s) que
consome(m) o produto. Ou seja, não dará continuidade na comercialização deste.
Conforme pontuado acima, o
conceito de agronegócio envolve toda a cadeia produtiva, sendo que nesta
podemos pontuar três principais etapas: Antes da porteira, dentro da porteira e
depois da porteira.
1. Antes
da porteira: Diz
respeito ao início do processo produtivo. Sendo assim, pode ser classificada
como a etapa de aquisição de sementes, fertilizantes e equipamentos para
realização das atividades agrícolas. São todos os processos que envolvem o início
das atividades.
2. Dentro
da porteira:
Trata-se do processo que diz respeito à continuidade do anterior. Dessa forma,
é representado pela produção de verduras, legumes, frutas, soja, café,
hortaliças e do processo produtivo em si, de modo geral.
3. Depois
da porteira: É
classificado como a última etapa, pois abrange o transporte, armazenamento ou
industrialização e comercialização.
De modo sintético, podemos
definir a participação desses três elementos no agronegócio através da seguinte premissa: O “Antes da
porteira” tem menor participação em volume de recursos no agronegócio (em torno de 11%); “Dentro da porteira” tem
cerca de 25% de participação e, por fim, “Depois da porteira” tem cerca de 63%
de participação, representando a maior fatia do volume de recursos do
agronegócio (José Adilson de
Oliveira 2010).
Na compreensão do conceito de
agronegócio, pode-se perceber que a CEAGESP está no centro das atividades ou da
cadeia produtiva, servindo como um ponto de ligação, desde o inicio até o final
do processo, pois ela garante o contato direto com o produtor a partir da
compra das mercadorias, e chega ao final do processo, atingindo o consumidor
final. No entanto, como o processo é totalmente interdependente, uma
deficiência em qualquer elo da cadeia afeta todos os demais: Quando falta algum
produto, consequentemente há aumento de preço, mercearias e hipermercados não
conseguem abastecer suas bancas ou empresas não conseguem distribuir suas
mercadorias, causando o repasse desse aumento de preço para o consumidor final.
Da mesma forma, pode ocorrer o inverso do propósito da rede: o desabastecimento.
Uma das ações que ocorre na
CEAGESP e que afeta positiva e significativamente a sociedade é o Banco de
Alimentos, que se constitui em um importante instrumento de responsabilidade
social contra o desperdício e a fome. O banco CEAGESP de alimentos (BCA) foi
criado no Entreposto Terminal de São Paulo em 2003, tendo como objetivo
coletar, selecionar e distribuir alimentos para os bancos de alimentos
municipais e também para entidades sociais do Estado de São Paulo. O projeto já
se encontra em 10 entrepostos do interior de São Paulo, sendo eles: Araçatuba,
Araraquara, Bauru, Franca, Marília, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão
Preto, São José do Rio Preto e Sorocaba.
Os produtos coletados pelo Banco
de Alimentos são doados pelos comerciantes da CEAGESP (permissionários), constituindo-se
de produtos que estão impróprios para comercialização, mas ainda próprios para
consumo. Após a doação, uma equipe faz a coleta e a seleção dos alimentos e os
distribuem para famílias e entidades. A logística tem que ser muito rápida, já
que a mercadorias vem com a perda do valor comercial, necessitando-se que sejam
imediatamente consumidas. Os descartes impróprios para o consumo também são
aproveitados, pois são transformados em adubo orgânico por meio de compostagem.
CONCLUSÃO
Com base nas informações acima
expostas, pode-se concluir que o CEAGESP realiza um elo que perpassa toda a
cadeia de produção e comercialização dos referidos produtos, permitindo a
aproximação entre produtor rural e consumidor final. Uma evidência disso é o
fato que no momento em que o consumidor compra algum desses produtos (frutas,
legumes, verduras, plantas, flores, diversos, pescado e grãos) seja em feiras,
super e hipermercados, restaurantes ou sacolões muito provavelmente essa
mercadoria tenha sido comprada através de alguma Ceasa.
Da mesma forma, também se pode
concluir que as companhias necessitam do agronegócio, pois sem o produtor (elo
inicial da cadeia), não é possível que se consiga mercadorias para realizar suas
atividades. Esses pontos também evidenciam a importância do agronegócio no
Brasil, o qual gera inúmeros benefícios, tais como: alta competitividade, alto
grau de utilização de tecnologia, geração de empregos e riqueza para o país, o
que afeta não apenas a economia, mas de forma abrangente e positiva, as esferas
política e social do nosso país.
REFERÊNCIAS
BRASIL.
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria da Política
Agrícola. Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/. Acesso em 20/06/2015.
O que é Ceagesp.
Disponível em: http://www.agric.com.br/. Acessado em 22/06/2015.
http://www.ceagesp.gov.br/.
Acessado em 18/062015.
O que
significa agronegócio. Disponível em: http://www.seea.org.br/artigojoseadilson2.php.
Acessado em 22/06/2015.
Artigo da Senadora Kátia Abreu, presidente da
CNA, publicado na revista Agroanalysis, edição junho de 2010. Disponível em:
http://www.agroanalysis.com.br/agrodrops.php?idEdicao=48. Acessado em 26/06/2015.